Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

segunda-feira, outubro 03, 2011

Cartas Portuguesas - de Lisboa (VIII)

PARTIDO SOCIALISTA: NOVO CICLO PARA CUMPRIR PORTUGAL? - 11 setembro 2011
[Continua]

Não obstante, Portugal é um pequeno país, com 6% do PIB da União Europeia, mas sem problemas estruturais graves:
• Não tem grandes desertos nem geleiras inacessíveis em seu território, nem muito menos sofre de grandes catástrofes naturais, pelo contrário, é dotado de belezas naturais expressivas que sempre se ofereceram, plácidas, à aristocracia do continente ;
• não tem bolsões de pobreza significativos, numa população pouco superior a dez milhões de almas – nobres - razoavelmente bem distribuídas ao longo do país, tanto em termos de regime de propriedade da terra, como em termos regionais – cada região do país, é mais fascinante do que a outra -, assegurando-se um invejável lugar entre os vinte países com melhor qualidade de vida no mundo inteiro;
• é membro de uma comunidade luso-fônica que corresponde ao quarto idioma mais falado no mundo e um mercado em torno de 250 milhões de consumidores- na qual se destaca um país emergente como Brasil - , toda ela democratizada e sem conflitos de natureza étnica, religiosa ou de intolerância, sobre a qual pontifica como Mãe-Pátria;
• tem ainda uma das melhores e mais irresistíveis gastronomias do mundo, tem azulejos e tem poesia ...

Desculpem-me, portanto, os companheiros do Partido Socialista, em cuja Sede, em 1979, conheci, quando assinei a “Carta de Lisboa” que marcou a reorganização do trabalhismo no Brasil, sob a liderança de Leonel Brizola. Mas o documento aprovado por 75% dos convencionais, ontem, em Braga - “O novo ciclo para cumprir Portugal”- como marco do referido Congresso começa, como diria Maria Aparecida A. Silva no seu poema abaixo transcrito, pecando pela insuficiência do sujeito, que dá nome ao bravo que faz, pela pobreza do verbo, que é Estado – e eu diria Movimento-, e pela ausência do advérbio, de quem vamos precisar:

Aprenda Português! Brinque com a gramática!
(http://pelodesejoeprazerdeescrever.blogspot.com/)

Bendito seja o ensino
Que tira a poeira da mente
Quanto mais a gente estuda
Tanto mais a gente aprende.

Não há divisão de classes
Entre as classes de palavras
Vivem unidas entre si
Umas mansas, outras bravas.

Manso é o artigo
Nem sempre de primeira
Ora define, ora indefine.
Fica sem eira nem beira.

Substantivo?
Este é bravo
Abstrato ou concreto
Comum, próprio, coletivo,
Dá nome ao “ser”, é completo.

O adjetivo exalta, enaltece
Está sempre em atividade
Às vezes machuca,
Sem piedade.

Numeral, agora sim
Acompanha a tecnologia
Está nos computadores
Enche o bolso, esvazia.

Estes pronomes irrequietos
São pessoais, oblíquos e retos
Cerimoniosos, de tratamento
Aconchegantes, bem a contento.

Se há antecedente
O pronome torna-se relativo
Se algo lhe perguntam
ica logo interrogativo.
Demonstrativos, com personalidade
Acompanhando “o ente” são adjetivos
“Denotando-o” são substantivos - barbaridade!

Enclíticos, proclíticos, mesoclíticos,
Átonos ou tônicos
mporta colocá-los no lugar
Para que o todo se torne harmônico.

Advérbio te conheço
De algum modo, tempo ou lugar
Se afirmo, duvido ou nego
É de ti que vou precisar.

Verbo, riqueza da língua
Palavra forte, ação
Sozinho ou acompanhado
É fenômeno, é estado.

Conjunção liga frases
É argamassa na construção
Pode dar sentido ao texto
É coerência, é coesão.

Preposição, que seria de nós
Sem a tua ajuda?
Tu ligas regente e regido
Se te empregamos de qualquer jeito
O sentido muda.

Interjeição é bem “light”
Expressa emoção
Alegria, raiva, dor...
Sai da boca sem preocupação.

Adjetivo, artigo, advérbio, numeral
Substantivo, verbo, preposição, conjunção
Interjeição e pronome são classes de palavras
Umas são mansas, outras são bravas.
Use-as com parcimônia
escubra toda a beleza
De nossa Língua Portuguesa!

Words, words, words..., mas que dizem tudo, muito mais do o mero reconhecimento do documento do PS de que “As palavras estão gastas”.

Paulo Timm

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