Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

terça-feira, maio 17, 2011

Incursão sobre as Causas Sociais internas, concretas, da Crise Financeira em Portugal (IV)

[Continuação]
2- O Modo de Vida Português, criado com a nossa Revolução cultural tem tudo a ver com a crise financeira em que Portugal se encontra
Os revolucionários de Abril, porventura bem intencionados, pensaram e fizeram crer à maior parte do Povo Português, que as pessoas em Portugal podiam ter o nível de vida dos países nórdicos da Europa, quando no País o nível técnico, cultural e organizacional era (e ainda é) muito inferior ao dos povos que aí habitam. Mesmo antes que a expansão de todos os sistemas de ensino désse frutos, aumentando a rentabilidade na Economia, trataram de distribuir benesses aos seus sequazes em partido e ideologia, alguns desses sequazes apenas arruaceiros profissionais que mais não sabem fazer que organizar e andar em manifestações, em comícios, em campanhas eleitorais e outras. Por outro lado, boa parte dos políticos, não tem outra profissão que não seja a Política...
Assim, ao que se verifica, nem os revolucionários de Abril nem grande parte dos políticos que se lhes seguiram, pensaram alguma vez que as leis fundamentais da Economia são tão fatais como a a Lei da gravidade. Seja, por exº, a Lei que indica que, antes de distribuir, é preciso produzir e que não se pode distribuir mais do que aquilo que se produz, qualquer que seja a “unidade de conta” que se use: Euro, Dollar, Libra, ou outra. De tudo isso também resultou que pessoas e famílias, sem terem emprego seguro, nem habilitações e competência suficientes, seguindo o exemplo dos governantes, tenham comprado carro, habitação e outras “comodidades” a prestações com juros altos, situação que na maior parte dos casos se revelou insustentável, levando essas Famílias a perder tudo e ficar na miséria e no desespero. Em cada ano não têm sido só muitas centenas ou milhares de pequenas e médias empresas que têm falido; foram muitas centenas ou milhares de famílias que faliram e se apresentaram em tribunal nessa situação. Tudo resultante de “Facilitismo” que os próprios bancos excitaram na mira dos altos lucros. Daí o volume de “crédito mal parado” dos bancos que tem continuado a crescer todos os anos. Mais uma vez, falta de bom senso e responsabilidade, perante “liberdades” e publicidade enganosas, que foram e continuam a ser apanágio de toda a Sociedade Portuguesa, começando pela própria classe Política, que devia dar exemplo contrário. E note-se: As 1ªs consequências da insolvência das Famílias é, desde logo, a sua desagregação. Esta desagregação manifesta-se em múltiplas direcções: já não há, no Ocidente, Casamentos com a inerente Responsabilidade dos cônjuges. Em nome da “Liberdade” “Conjugal”, há “ajuntamentos” que ora se fazem, ora se desfazem com os consequências traumáticas que atingem não só os membros do casal, mas sobretudo os filhos, que são joguete em intermináveis disputas nos tribunais de família.
Logicamente que estas situações têm impacto no rendimento laboral e qualidade do trabalho realizado pelos litigantes e contribuem para o “entupimento” dos tribunais. A juventude quer e pratica as máximas liberdades nas práticas sexuais de todos os tipos, mas não quer aceitar a responsabilidade de ter filhos e educá-los. Daí os muitos milhares de abortos realizados legalmente, o que também entope as salas de operações e contribui para as listas de espera de todos os outros tipos de operações necessárias e, porventura urgentes. Não terá isto também impacto na Economia do País? Talvez para “ compensar”, estejam a desenvolver-se os “casais” ou parelhas lésbicas, que pretendem ter filhos e querem e usam os meios públicos da “Procriação Medicamente Assistida”. Para isso compram no mercado (elas ou os pais), a “peso de ouro”, gâmetos masculinos de machos famosos (Artistas, Futebolistas, etc.). Não será tudo isto clara manifestação da decadência da chamada “Civilização Ocidental”? Não consta que tal aconteça nas Chinas, no Japão, na Índia e na Indochina, que fazem parte das “Potências Económicas Emergentes”.
Só agora, por tanto se falar em “sustentabilidade” do meio ambiente, se começa a falar também da sustentabilidade da Economia do País e das Microeconomias das Empresas e das Famílias. (E também era bom falar-se de sustentabilidade das civilizações...). E os paradoxos da nossa Revolução Cultural aparecem por todo o lado: por causa da Crise diminuiu o consumo de bens de primeira necessidade e aumentam as vendas de artigos de luxo. Aumenta assustadoramente o fosso entre ricos e pobres. Um egoísmo feroz campeia por toda a parte e é bem patente nos condutores “xicos espertos”, em geral, gente jovem, que de todas as formas passam para a frente dos outros ou obstruem a passagem destes. Egoísmo feroz também exemplarmente vivo no desprezo com que são tratados os mais idosos, muitas vezes, Pais e Avós, como já se disse. Jovens “ases do volante” atropelam tudo e todos nas passadeiras, etc. etc..
Nestes últimos aspectos, a Sociedade Brasileira, que não passou por nenhuma Revolução Cultural, mas já ultrapassou muitas crises financeiras, mostra uma evolução no bom sentido, a qual falta de todo em Portugal. Parte importante da Sociedade Portuguesa ainda hoje acredita nas utopias comunistas e anarquistas, por força do obscurantismo reinante em todo os sistemas de Ensino no que diz respeito a matérias que dizem respeito a “Organização Política e Administrativa de um País” e a “Economia Política”. E ainda por força da pressão dos meios de Comunicação Social nos quais a maior parte dos articulistas também são “obscurantistas” em “Economia Política” e matérias correlacionadas como são “Finanças” e “Moeda e Crédito”. Essas ideologias nunca chegaram sequer a ter qualquer penetração significativa nas sociedades nórdicas muito mais esclarecidas nessas matérias. Nelas não há greves nem as crispações tumultuosas que grassam nas longas campanhas e precampanhas eleitorais do nosso País, tendo como resultado o alheamento total da maior parte da juventude em relação à Política e desprezo em relação aos políticos, o que leva ao predomínio do “abstencionismo” muitas vezes superior a 50% nos actos eleitorais. Praticamente, os jovens que votam, fazem-no por orientação dos pais ou do partido onde os meteram.
[Continua]

JBM

(reprodução parcial de texto de opinião do autor identificado; as partes restantes serão divulgadas nos próximos dias)

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